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Tomé-Açu - Balística comprova que arma encontrada foi a mesma que matou o advogado Jorge Pimentel

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A Polícia Civil promoveu uma entrevista coletiva a jornalistas, nesta terça-feira, 30, para divulgar o resultado do laudo pericial de comparação microbalística. A perícia atestou que a arma de fogo – um revólver calibre 38 - apreendida com o preso Carlos André Silva Magalhães, de apelido "Andrezinho", foi a arma usada para matar o advogado Jorge Pimentel, em Tomé-Açu, no mês de março deste ano. Na ocasião, também foi morto a tiros o empresário Luciano Capácio, amigo do advogado.

As informações foram prestadas no auditório da Delegacia-Geral, pelos delegados Sílvio Maués, diretor de Polícia do Interior; João Bosco Rodrigues, diretor de Polícia Especializada; Cláudia Renata Guedes, da Divisão de Homicídios e presidente do inquérito; e perito criminal Edézio Lima, do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves, responsável pelo laudo. O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional do Pará, Jarbas Vasconcelos, também participou da coletiva.

Balística

Segundo o perito criminal Edézio Lima foram retirados dois projéteis do corpo do advogado para fazer a comparação microbalística, cujo objetivo é verificar se os projéteis da arma são os mesmos encontrados na vítima. Ele explica que o revólver tinha resíduos de chumbo no cano, o que gerou dificuldade para a perícia devido o atrito gerado pelo chumbo que causou rasuras na arma. Mas, a dificuldade, ressalta o perito, não impediu a equipe pericial de constatar que os projeteis são do mesmo calibre. Os peritos realizaram a análise da quantidade de raias (linhas que existem dentro do cano das armas) na arma para concluir o laudo. Ouça o que diz o perito.

Na perícia, afirma o perito, a possibilidade de não ser a arma usada no crime é igual a possibilidade de existir, em uma mesma pessoa, duas impressões digitais diferentes, ou seja, praticamente impossível. “Nós tivemos muito zelo ao realizar este exame. Este é um caso que tem causado muita comoção social, por isso nós não economizamos tempo, pois sabíamos que seríamos cobrados pela sociedade, pela imprensa e principalmente, pela OAB.”

OAB

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seção Pará, Jarbas Vasconcelos, também participou da coletiva. Para a OAB que tem acompanhado o caso desde o início, o resultado da balística não deixa a menor dúvida de quem matou o advogado Jorge Pimentel.

“O laudo comprovou que só esse revolver e não outro, como uma impressão digital, que foi daquele resolver que partiu  o projétil encontrado no corpo do advogado, ou seja, nos afirma que há uma autoria provada tecnicamente sobre esse assassinato. Esta prova é muito importante.”, afirmou Vasconcelos.

A investigação

Coletiva-Delegacia-Geral-J-Pimentel_7-777Para o delegado Sílvio Maués, o resultado da perícia serve para demonstrar a certeza de que as investigações da Polícia Civil seguiram no rumo certo.

Ao todo, sete pessoas estão indiciadas por envolvimento no duplo homicídio. Três estão presos e quatro foragidos. Além de “Andrezinho”, estão presos Wellington Ribeiro Marques, 37 anos, de apelidos “Teco” ou “Neném”, apontado como o outro executor do crime, e Jorge Augusto da Silva, apontado como a pessoa que deu apoio aos pistoleiros na fuga e que ficou com a arma do crime e a moto usada na fuga.

Os indiciados como mandantes do crime - O prefeito de Tomé-Açu, Carlos Vinícios de Melo Vieira, e o pai dele, empresário Carlos Antônio Vieira - permanecem foragidos, assim como o terceiro indiciado como executor das vítimas, o cearense Davi Paulino dos Santos, e o homem apontado como intermediário na contratação dos pistoleiros, empresário Raimundo Barros de Araújo, conhecido como “Raimundinho”.

Segundo o delegado, o inquérito já foi concluído e seguiu para apreciação do Sistema Judiciário. Para a polícia o caso já é considerado esclarecido, mas o trabalho da polícia continua até as prisões dos foragidos – o que representará o fim das investigações.

Conforme Maués, a vítima Luciano Capácio foi baleada por dois homens enquanto estava no interior de um bar, em Tomé-Açu. Os projéteis retirados do corpo da vítima são de pistolas de calibre 380. Já o advogado foi morto na rua, na esquina próxima ao bar, ao tentar fugir dos executores, mas foi surpreendido por um terceiro criminoso que estava em frente ao bar. Esse terceiro homem, pelas investigações, é “Andrezinho”. “Por ser conhecido no município, Carlos André ficou do lado de fora do bar para não aparecer na cena do crime”, apurou o delegado. Por meio do reconhecimento de testemunhas oculares do crime foi possível fazer a identificação dos executores.

Depois dos assassinatos, “Andrezinho” fugiu do município de moto com destino a Concórdia do Pará, onde entregou o veículo e arma do crime para Jorge Augusto. Este, por sua vez, após o crime, vendeu os objetos a uma terceira pessoa.

Coletiva-Delegacia-Geral-J-Pimentel_30-303030As investigações demonstraram ainda que “Raimundinho”, identificado como intermediário, manteve contatos com o prefeito. “Jorge recebeu a moto e o revólver calibre 38 usados no crime”, ressalta. Antes da dupla execução, “Andrezinho” esteve na serraria, de propriedade de “Raimundinho”, em Moju, onde já estava Wellington Marques, o outro executor. “Andrezinho” e “Neném” foram presos em 17 de março deste ano, por policiais civis, que os abordaram em uma operação na rodovia BR-316, na divisa do Pará com o Maranhão.

Já o terceiro indiciado como executor das vítimas, Davi Paulino veio do Ceará para Tomé-Açu para participar do crime. Ele é condenado por homicídio em Paragominas, no Pará, e responde no Ceará também por homicídio.

As investigações mostraram ainda que a causa do duplo assassinato foi uma animosidade entre o prefeito de Tomé-Açu e Luciano Capácio, pelo fato de o empresário ter parado de dar apoio político ao prefeito, que é do PMDB, pois Luciano almejava a presidência do PSDB na região, para ser candidato a prefeito de Tomé-Açu.

Como retaliação, o prefeito Carlos Vinícius mandou cancelar o aluguel do maquinário de propriedade de Luciano Capácio para a Prefeitura Municipal. Aliado a isso, houve denúncias feitas por Luciano Capácio, junto com seu advogado, Jorge Pimentel, quanto a supostas irregularidades num empreendimento imobiliário do grupo empresarial pertencente ao pai do prefeito. Por conta disso, as investigações mostraram que, para calar o empresário, o prefeito e o pai planejaram encomendar a morte de Capácio.

HC Preventivo

Dia 25 deste mês, os advogados de defesa dos supostas mandantes do crime, impetraram no Superior Tribunal de Justiça, um Habeas Corpus, com pedido de liminar, em favor, de Carlos Vinicios de Melo Vieira – prefetio de Tomé-Açu, e de Carlos Antônio Vieira, pai do prefeito, ambos foragidos.

O pedido que está nas mão da ministra, Maria Tereza de Assis Moura, da sexta turma do STJ, ainda não foi deferido e a ministra ainda deu prazo ao Tribunal de Justiça do Estado do Pará, para que envie mais informações sobre o caso.

Coletiva-Delegacia-Geral-J-Pimentel_44-21212Para o presidente da OAB-PA, Jarbas Vasconcelos, o trabalho transparente a polícia tem permitido à instituição, acompanhar os passos dessa investigação. “O corpo de inteligência da polícia está envolvido nessa investigação e está fazendo um trabalho excelente.”, afirmou o ele, reafirmando sua principal preocupação no momento com a prisão dos mandantes do crime. “Eu espero que o STJ mantenha a prisão porque não se podem dar HC para mandantes de crime de pistolagem, foragidos da lei, que ameaçam a polícia dentro deste inquérito. É preciso que se diga que há pessoas que prestaram depoimentos,mas que já foram ameaçadas por eles, mesmo em fuga.”

Para o presidente da Ordem, “se essas pessoas voltarem a liberdade ao município de Tomé-Açu nos tememos que haverá um ‘banho de sangue’ porque outras testemunhas presenciaram esse crime e não estão nos autos, também estão se sentindo ameaçadas, estão com medo. Então me parece que esse é um caso em que a ordem pública recomenda que seja mantida a prisão preventiva dos mandantes.”, concluiu Jarbas.

Fotos: Paula Lourinho

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