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Para marcar o início das atividades da gestão de Alberto Campos voltadas para temáticas de extrema relevância na sociedade, a Escola Superior de Advocacia (ESA) e a Comissão de Proteção dos Direitos da Pessoa com Deficiência promoveram, ontem à noite, no plenário Aldebaro Klautau, sede da OAB-PA, a palestra “Entendendo a Síndrome de Down”. Ministrada por Gisele Fontes, Mestre em Direitos Humanos pela Universidade Federal do Pará e ativista do Movimento Down.
Criadora do blog e do grupo Singularidade Down, Gisele Fontes explicou na palestra que a capacidade intelectual das pessoas com síndrome de Down é subestimada. “Como ela é resultado de um desbalanço celular, provoca muitos distúrbios metabólicos que criam situações que são confundidas com incapacidade intelectual”, acrescentando que existem muitas especificidades na Síndrome de Down, como alterações sensoriais e no processamento auditivo.
Segundo a palestrante, a pessoa que não compreende esse contexto é induzida a pensar que essas situações decorrem de uma incapacidade cognitiva. “Na verdade, a capacidade cognitiva está preservada”. Para Gisele, a principal conquista foi a transição do paradigma médico da abordagem da Síndrome de Down para o paradigma dos direitos humanos, “considerando que o centro das atenções é a pessoa e não a sua síndrome. Deu enfoque para o sujeito e não para o seu diagnóstico.
Outra grande avanço, apontou a ativista, foi a humanização da pessoa com Síndrome de Down, a personalização desse sujeito. “Com isso, qualquer intervenção pedagógica, nutricional, médica, psicopedagógica, terapêutica, decorre das necessidades do próprio sujeito, das características e peculiaridades. O sujeito em primeiro lugar. A pessoa em primeiro lugar”, comemorou. “Se sai daquela perspectiva de que a pessoa com Síndrome de Down é uma pessoa especial, que tem uma natureza sobre-humana. Na verdade, são pessoas comuns como outros quaisquer”, reforçou.
Na palestra, Gisele alertou para que não haja um retrocesso na humanização da síndrome, sendo necessária uma atenção diferenciada e não se perca de vista a presença de distúrbios metabólicos específicos. “São bem recentes as pesquisas que comprovam que a Síndrome de Down produz imunodeficiência congênita. É preciso um olhar mais cuidadoso voltado para essa constituição da pessoa com Síndrome de Down”, ponderou.
Ao reiterar que é preciso reconhecer que a Síndrome de Down acarreta em distúrbios metabólicos bem específicos, Gisele observou que proporcionar melhor suporte ao sistema imunológico diminui o comprometimento de todos os outros sistemas. “Pesquisas publicadas a partir de 2008 lançaram uma luz sobre o comprometimento do sistema imunológico e a repercussão desse comprometimento sobre os outros sistemas”, completou.
Para finalizar, a ativista parabenizou a OAB-PA pela iniciativa que classificou como sensacional e fantástica. “Eu tenho muito orgulho de estar inaugurando com a minha palestra as atividades dessa nova gestão da OAB nessa linha de aproximar o cidadão da instituição que está na luta da defesa e garantias de cidadania. É um trabalho inovador e espero que sirva de inspiração para as outras seccionais reproduzirem”, concluiu.
Fotos: Yan Fernandes