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Com a presença de três filhas da homenageada, o espaço foi inaugurado em solenidade realizada hoje pela manhã, na sede da Polícia Federal no Pará. Equipado com computador, central de ar, internet, impressora, mesas e cadeiras, o nome do local homenageia Jemima Telles Nobre Ferro, uma das primeiras advogadas inscritas na seccional paraense.
Diante das filhas da homenageada, o presidente da OAB-PA, Alberto Campos, informou que a advogada Jemima Telles Nobre Ferro também será homenageada durante a realização da VII Conferencia da Advocacia do Estado do Pará, nos próximos dias 20, 21 e 22 de setembro deste ano. Vários membros do Sistema OAB-PA estiveram presentes na inauguração, além do superintendente da Polícia Federal no Pará, o delegado Ualame Machado.
Secretário-geral da OAB-PA e presidente da Comissão de Defesa de Direitos e Prerrogativas, Eduardo Imbiriba enalteceu o histórico brilhante da homenageada, que orgulha a classe. “É uma homenagem merecida para quem muito lutou pela honrosa profissão de advogado. Parabéns por tudo que ela representou como operadora do Direito em uma época muito difícil do nosso país! Foi uma desbravadora dentro da profissão”.
Presidente da Comissão de Defesa do Direito da Pessoa Idosa, Letícia Bitar frisou que a homenagem “é uma forma de retribuir por tudo que foi feito pela homenageada. Ficamos orgulhosos de saber que nessa época era uma das poucas mulheres a seguir carreira jurídica, mas estava à frente do seu tempo, e deixou uma história muito bonita”, completando que “isso nos deixa mais otimista e motivada dentro da advocacia”.
Filha da homenageada, Júlia Sursis Nobre Ferro exibiu uma foto da mãe aos presentes e leu um breve histórico da vida da advogada. Ao revelar que os familiares receberam com surpresa a homenagem, a psicóloga afirmou que os filhos ficaram muito felizes e honrados. “Foi bom que nós nos reunimos e começamos a levantar lembranças, escrevendo uma biografia da nossa mãe e vendo o quanto ela tinha feito em prol da advocacia, da criminologia e do Direito de Família. Ficou mais claro ainda o pioneirismo da nossa mãe nessa área”.
Júlia destacou ainda a influência que a trajetória profissional da mãe exerceu nos três filhos. “Eu trabalho muito com psicologia jurídica, situações de mulheres em presídios. Ela (mãe) foi uma influencia muito grande. Os demais filhos estudaram Direito. Meu irmão Orlando Nobre Ferro trabalha com os direitos de imigrantes (refugiados) da guerra no Canadá”, explicou a psicóloga, que iniciou sua carreira na Defensoria Pública, em Brasília.
As demais filhas presentes na homenagem foram Thais Têmis Nobre Ferro e Mari-Lei Nobre Ferro, assim como seus respectivos maridos: Celso José Roque e Carlos Roberto e Silva. Após a inauguração da sala, eles visitaram a sede da OAB-PA (Casarão da Ordem), onde funcionou a antiga Faculdade de Direito, uma das primeiras do Brasil.
História
Jemima Telles Nobre Ferro nasceu em 25 de novembro de 1917, em Belém. Filha do professor Raimundo Pereira Nobre e de Palmira Telles Nobre, tendo como irmã Anália Telles Nobre. Dedicou seus estudos ao Direito e foi aluna da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Pará, local que abriga a sede da seccional paraense.
Assídua frequentadora de juris populares, Jemima se dedicou a área da criminologia. Com o apoio do pai, enfrentou o preconceito da época e com determinação fez os estudos, sendo uma das pioneiras na luta pelo Direito da Mulher. Mais tarde, articulou junto ao presidente Vargas para que as mulheres passassem a ter o direito de votar.
Jemima concluiu o bacharelado em Direito em 1933, ingressando na Ordem dos Advogados do Brasil sob o número 243. Atuando como advogada criminalista em Belém, teve a oportunidade de atuar em um júri popular como advogada de defesa de um criminoso, tendo como promotor o advogado Orlando Nina Ferro, seu ex-colega de faculdade. A partir daí se iniciou uma paixão que culminou com casamento deles.
Com a transferência do marido para o Território do Amapá, em Macapá, Jemima foi a primeira advogada a exercer a profissão na área jurídica. Em Volta Redonda, Jemima retomou sua profissão, sendo a primeira e única advogada do sexo feminino. Quando a OAB Mulher foi criada aqui no município, Jemima foi homenageada como a advogada mais antiga da Comarca.
Fotos: Yan Fernandes