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Prefeitos afirmam que Norte Energia não está cumprindo as condicionantes à pré instalação de Belo Monte
Um dia depois do protesto de dezenas de pescadores que são contrários às obras de instalação da Usina de Belo Monte, no rio Xingu, ontem foi a vez dos prefeitos da região exporem suas preocupações com o projeto, que resultará na construção da maior hidrelétrica brasileira e a terceira maior do mundo, com capacidade para gerar 11,2 mil megawatts de energia. Os gestores da região do Xingu se encontraram no Seminário Regional para o Desenvolvimento Integrado, promovido pela Federação das Associações de Municípios (Famep), em Altamira, no Centro de Convenções e Cursos do município.
Na programação, estava prevista a participação de Carlos Nascimento, presidente da Norte Energia, responsável pelas obras das condicionantes ambientais de Belo Monte, mas este não pode comparecer ao evento alegando que foi chamado para uma reunião de última hora, em Brasília, com investidores da empresa para falar dos desdobramentos da tragédia no Japão, que afetou esses empresários, que também teriam investimentos naquele país.
Apesar de terem frustrada a expectativa de um encontro com o executivo da Norte Energia, os prefeitos aproveitaram o seminário para destacar os problemas que já estão sendo gerados com o início do projeto porque a Norte Energia não vem executando as obras condicionantes à pré-instalação de Belo Monte.
“Somos a favor da Usina, mas não adianta começar a obra sem a empresa garantir melhorias nos municípios. A população já está aumentando na região, mas se alguém adoecer, vai se tratar onde se não temos hospital nem para atender a demanda já existente”, questionou a prefeita Maria de Fátima Moreira, de Brasil Novo, um dos onze municípios que estão na área de influência da usina. Os demais são Altamira, Anapu, Gurupá, Medicilândia, Pacajá, Placas, Porto de Moz, Senador José Porfírio, Uruará e Vitória do Xingu.
Na ocasião, o presidente da Famep, prefeito de Ananindeua Helder Barbalho, fez uma enquete com os prefeitos presentes, perguntando em quais municípios já haviam iniciado as obras condicionantes. Dos dez prefeitos presentes – apenas Rosibergue Campos, de Porto de Moz, não pode comparecer – responderam positivamente os gestores de Altamira, Anapu e Vitória do Xingu.
“A Famep, a Amut e o Consórcio Belo Monte encaminharão à Norte Energia todas as demandas aqui expostas e um pedido para que essas obras iniciem imediatamente em todos os municípios envolvidos com o temas, pois as demandas e os problemas alcançam a todos indistintamente”, informou Helder Barbalho, que aproveitou a ocasião para dizer que a hora de lutar pela pavimentação da Transamazônica é agora. “Tem-se que aproveitar o embalo, pois como fazer Belo Monte se não há nem acesso garantido à região”, questionou o presidente da Famep.
“Além das condicionantes, é sempre bom lembrar que há uma lei federal que assegura a realização dessas obras. Se pensam que vamos ficar ‘batendo lata’ estão enganados. Vamos cobrar da empresa o que é dever dela”, afirmou o presidente da Amut e do Consórcio Belo Monte, prefeito de Uruará, Eraldo Sorge.
Participaram, ainda, do evento os prefeitos Odileida Sampaio, de Altamira; Ivo Muller, de Medicilândia; Edmir Silva, de Pacajá; Maxweel Brandão, de Placas; Cleto da Silva, de Senador José Porfírio, Liberalino Neto; de Vitória do Xingu, Manoel Alho, de Gurupá; e Laudelino Neto, vice-prefeito de Anapu, representando o prefeito Francisco Sousa. O secretário de Estado de Transportes, Francisco das Chagas Filho, também prestigiou o evento.