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Um debate sobre a divisão do Pará foi promovido ontem, 5 de dezembro, pela Ordem dos Advogados do Brasil seccional Pará – OAB/PA, no Plenário Aldebaro Klautau, localizado na sede da instituição. Representantes das frentes contrárias e favoráveis à criação do estado do Tapajós, respectivamente o deputado estadual Edmilson Rodrigues e o ex vice governador do Pará e atualmente superintendente Regional do Trabalho e Emprego do Pará Odair Corrêa, compareceram no evento. Apenas o presidente da Frente contra Carajás, o deputado federal Zenaldo Coutinho, participou do debate.
Conselheiros, estudantes, profissionais da área jurídica, moradores de outros municípios, entidades da sociedade civil organizada, entre outros, também participaram do evento, proporcionando questionamentos que deixaram o debate acalorado.
Cada representante das frentes tiveram 10 minutos para fazer exposições de seus estudos e argumentos, mostrando para os participantes do debate porque devem votar contra ou a favor da divisão do Pará. Antes de iniciar o evento o vice presidente da Ordem, Eudiracy Alves Silva, e o secretário geral Mário Gomes de Freitas Júnior, disseram que “o debate foi feito para que os Conselheiros e demais segmentos da sociedade possam decidir, refletir e tirar dúvidas se devem votar no ‘sim’ ou ‘não’ no plebiscito”, que acontece no próximo domingo, 11 de dezembro, para decidir a divisão do estado paraense em mais dois: Tapajós e Carajás.
Quem iniciou falando sobre os motivos para a criação do estado do Tapajós foi o representante da Frente Pró Tapajós, Odair Correa. “Nós não queremos o ‘sim’ pelo ‘sim’, nós queremos para fazer o resgate da dignidade das várias famílias que vivem lá na região do Tapajós, há mais de 130 anos lutando por essa emancipação, há tempos nossos irmãos estão desassistidos de suas necessidades básicas”, disse. Ele questionou as expressões “separatistas”, “esquartejamento”, “Parazinho”, usadas pelos integrantes das Frentes contrárias à divisão nas campanhas. Odair Correa enfatizou os problemas sociais que a população paraense, sobretudo a tapajônica, enfrenta. E concluiu a sua exposição afirmando que estão “buscando a criação do Tapajós não pela emoção, mas sim pela razão, pelas necessidades do povo de lá (do Tapajós)”.
Edmilson Rodrigues, que na ocasião estava representando o presidente da Frente contra a criação do Tapajós, o deputado estadual Celso Sabino, iniciou o seu discurso falando das dívidas do Brasil deixado pelos ex presidentes anteriores, Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, para a atual presidente Dilma Rousseff. Disse ainda que “o ‘Pará rico’ tem 1 em cada 5 habitantes recebendo apenas R$ 7,00 por dia, esses são os paraenses considerados abaixo da linha da pobreza”. Ele enfatizou também os problemas sociais mas ressaltou os vivenciados por todos os paraenses, tanto da capital, quanto do interior do Pará.
Edmilson também criticou o modelo do projeto da divisão do Pará, afirmando que não foram feitos estudos corretos para fazê-lo. O parlamentar encerrou sua exposição dizendo que "só há um caminho para superar os problemas de desigualdades sociais no Pará e é um erro querer encontrar culpados na nossa conjuntura. Criar três estados será um ato de irresponsabilidade”.
Zenaldo Coutinho falou sobre as mudanças na constituição brasileira, enfatizando porque não é possível criar novos estados já que não há nenhuma lei que garanta retorno de benefício financeiro com a criação de estados brasileiros. “Se o Pará for dividido a situação econômica desses novos estados que serão criados vai ser prejudicada”. Citou várias instituições federais e regionais que inviabilizaram a criação dos novos estados. Após as explanações foi aberto para cinco blocos de perguntas para os participantes dos debates, que acabaram se estendendo para mais discussões e esclarecimentos para a plateia.