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O diretor-tesoureiro da Conselho Federal da OAB, Miguel Cançado, vai visitar a área de conflito agrário em Nova Ipixuna, no Pará, e a região de Nova Califórnia, na divisa dos Estados do Acre, Rondônia e Amazonas, na próxima segunda-feira (06). Ele foi designado pelo presidente da OAB Nacional, Ophir Cavalcante, para representar a instituição na comissão externa, criada pelo Senado, que irá acompanhar as investigações sobre os crimes ocorridos em Nova Califórnia e Nova Ipixuna. Lá foram mortos os líderes camponeses José Cláudio Ribeiro da Silva, sua esposa Maria do Espírito Santo, Adelino Ramos e Erenilton Pereira dos Santos. Integram a comissão os senadores Vanessa Grazziotin (PCdo B-AM), Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), Pedro Taques (PDT-MT), Valdir Raupp (PMDB-RO), além de representantes da OAB Nacional, da imprensa e da Comissão Pastoral da Terra.
Ophir Cavalcante vem denunciando o descaso dos governos estadual e federal com relação aos assassinatos de líderes rurais na região norte do País. Na última quinta-feira (2), o trabalhador rural Marcos Gomes da Silva sofreu emboscada em Eldorado dos Carajás, terra de massacre histórico em 1996. Nos últimos dias, outras quatro pessoas foram assassinadas. Três vítimas - o casal José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo e o agricultor Erenilton Pereira dos santos - moravam no assentamento Paraialta-Piranheira, em Nova Ipixuna, todos em solo paraense. A quarta vítima, o líder do Movimento Camponês Corumbiara, Adelino Ramos, foi morta em Rondônia.
"É preciso que o governo tome medidas duras para combater a violência no campo", afirma Miguel Cançado, que é especialista em direito agrário, ao repercutir dados divulgados pela Comissão Pastoral da Terra. De acordo com relatório da CPT, desde 1996, todos os anos o Pará, por exemplo, é o campeão absoluto em assassinatos no meio rural. Nesses últimos 15 anos, das 555 mortes no campo registradas em todo o país, 231 (41,6%) ocorreram no Estado. O Pará ainda está no topo do ranking de ameaças de morte, com pelo menos 30 camponeses "jurados" ao longo do ano passado.
Entre 2000 e 2011, dos 42 agricultores que recebiam ameaças de morte e foram assassinados, 17 viviam no Pará. "Esta é mais uma face assustadora da falta de segurança a que está exposta a sociedade brasileira", alerta o diretor-tesoureiro. "É inadmissível que ainda hoje tenhamos que conviver com números tão alarmantes de mortes no campo, sobretudo com episódios previamente denunciados, com mortes por encomenda, com ameaças e execução de pessoas marcadas para morrer".