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OAB repudia ato de violência contra magistrada, em São Paulo

A Ordem dos Advogados do Brasil se solidariza com os familiares das vítimas de um bomba caseira endereçada a uma juíza, que explodiu na tarde de ontem (12), no Fórum de Rio Claro (173 km de São Paulo), ferindo dois funcionários. O artefato estava em um Papai Noel de brinquedo, enviado para a juíza Cynthia Andrauss Carreta, diretora do Fórum e titular da 3ª Vara Cível.

O ato violento e convarde foi repudiado pela diretoria da OAB no Pará ao lembrar de fato semelhante, ocorrido há 30 anos e que vitimou a funcionária do Conselho Federal da Ordem, Lyda Monteiro. A morte dela foi lembrada no ano passado, em ato público em frente à sede da Caixa de Assistência dos Advogados do Rio de Janeiro - Caarj, onde à época do atentado funcionava o Conselho. O presidente da OAB-RJ, Wadih Damous, pediu a reabertura do inquérito para apurar os responsáveis pela carta-bomba que matou a secretária.

A OAB informa que está vigilante e repudia todo e qualquer ato que atente contra o Estado Democrático de Direito e cotra a organização da justiça. 

Leia abaixo a íntegra da reportagem da Folha de São Paulo:

Por: FELIPE LUCHETE - JOSÉ PETROLA- MARÍLIA ROCHA
Fonte: Folha de São Paulo

Policiais militares acompanham primeiros socorros a uma das vítimas de bomba que explodiu no Fórum de Rio Claro
Policiais militares acompanham primeiros socorros a uma das vítimas de bomba que explodiu no Fórum de Rio Claro
Foto de Reprodução
Artefato em formato de Papai Noel deixado em edifício de Rio Claro, no interior paulista, feriu dois funcionários.
Polícia Civil classifica episódio como atentado; ausência de câmeras de segurança dificulta a busca por suspeitos.

Uma bomba caseira - em forma de Papai Noel e endereçada a uma juíza- explodiu na tarde de ontem no Fórum de Rio Claro, cidade do interior paulista a 173 km da capital, ferindo dois funcionários.

O alvo do atentado, segundo a Polícia Civil, era a magistrada Cynthia Andraus Carreta, diretora do fórum e titular da 3ª Vara Cível.

A Vara Cível julga, por exemplo, casos de adoção, divórcio, briga de vizinhos, contrato e direito do consumidor.

Roberto José Daher, delegado seccional de Rio Claro, afirma que o Papai Noel estava num pacote sem remetente encontrado por uma funcionária numa mesa no saguão do primeiro andar do fórum.

Ela chamou um guarda municipal, que levou o pacote para a recepção, no térreo do edifício. Segundo Daher, o pacote era do tamanho de uma caixa de bombom e estava embrulhado em um papel com motivos natalinos.

Dois funcionários abriram o pacote e encontraram um Papai Noel de brinquedo dentro, que explodiu em seguida.

Um funcionário feriu as mãos e o tórax. Ele passou por cirurgia. Seu estado é estável. O outro teve ferimentos leves.

A bomba continha objetos metálicos que se espalharam com a explosão. O material passará agora por perícia. A polícia classifica o episódio como um atentado. Não há indícios, segundo os investigadores, de que o pacote tenha sido entregue pelos Correios.

No prédio do fórum não existem câmeras de segurança, o que dificulta a identificação de possíveis suspeitos.

PROCESSOS

A polícia vai agora levantar processos em que a juíza trabalha. Segundo o delegado, a magistrada lhe disse que não está assustada, pois, afirmou, "juízes sabem que correm esse risco".

A diretora administrativa do fórum, Cíntia Mazzeo, disse que a magistrada não estava no prédio ontem porque havia feito exames de saúde.

Levantamento do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) de agosto de 2011 mostra que 134 juízes estão ameaçados no país. As informações foram repassadas à Corregedoria do CNJ por tribunais estaduais e regionais federais.

Em 11 de agosto passado, a juíza Patrícia Acioli foi morta a tiros no Rio de Janeiro.

A investigação apontou que policiais militares planejaram e executaram o crime, pois as investigações de Acioli atrapalhavam esquema de extorsão montado por PMs.

Em 2003, o juiz Alexandre Martins de Castro Filho foi assassinado a tiros em Vitória, no Espírito Santo. Ele havia denunciado um esquema montado para liberar presos irregularmente. Um ex-policial civil foi preso acusado de participação no crime. Um coronel da PM foi denunciado.

Dez dias antes da morte de Castro Filho, o juiz Antônio José Machado Dias foi morto a tiros após sair do Fórum de Presidente Prudente, em São Paulo. O traficante Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, foi condenado a 29 anos pelo crime, em 2009.

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