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ENTREVISTA JARBAS VASCONCELOS

Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil - Seção Pará (OAB-PA), Jarbas Vasconcelos, fala sobre a venda de imóvel da Subseção de Altamira

* “Deveríamos ter feito campanha dirigida contra corruptos”
* “Nossa instituição está ilesa. Não está atingida.”
* “Altamira é o epicentro do escândalo da Sudam”
O cheque de R$ 301 mil que o advogado Robério D’Oliveira emitiu, para pagar o imóvel que comprou da Subseção de Almira, cuja venda foi autorizada pelo Conselho Estadual da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Pará (OAB), em reunião no dia 29 de junho, uma quarta-feira à noite, foram assinados no dia 21 de junho e depositados no dia seguinte, 22, portanto uma semana antes da autorização do Conselho.
Quem confirmou isso ao Espaço Aberto foi o próprio presidente da Ordem, Jarbas Vasconcelos, em entrevista exclusiva, de cerca de 25 minutos, concedida na manhã de ontem, ao repórter, na sede da OAB.
Jarbas ressaltou, no entanto, que esse procedimento foi normal porque, no seu entendimento o negócios jurídico só se consumou mesmo no dia 29, com a aprovação do Conselho. Segundo as explicações do presidente, mesmo com o depósito, o dinheiro seria devolvido normalmente se o Conselho não viesse a autorizar o negócio. E lembrou que a operação, mesmo tendo sido autorizada, será desfeita, uma vez que o próprio comprador, Robério D’Oliveira, pediu formalmente o desfazimento da alienação, pedido a ser apreciado por uma comissão designada pelo próprio Jarbas.
Jarbas bateu duro na corrupção. Atribuiu à marcha promovida pela OAB no dia 28 de maior passado a origem de tudo isso que ele considera uma “campanha” contra a Ordem, tramada por setores que estariam insatisfeitos com a postura firme da Ordem contra os corruptos.
E admite que a OAB errou: “Hoje, acho que fizemos uma campanha errada do ficha limpa. Se nós tivéssemos dados os nomes à sociedade de quem eram os fichas sujas, talvez hoje nem eu, nem a OAB estivéssemos recebendo o ataque dessas pessoas, porque elas não teriam sobrevivido politicamente. Deveríamos ter feito uma campanha aguerrida, agressiva e dirigida”, disse Vasconcelos.
Para sustentar sua avaliação de que a campanha provém de setores insatisfeitos com a marcha contra a corrupção, o presidente da Ordem lembrou que a origem de toda essa polêmica, de todo esse angu que cercou a venda do imóvel tem o município de Altamira como sede. “Altamira é emblemático, porque é o epicentro do escândalo da Sudam, que levou à prisão de um grande político paraense. E é de lá que nasce esse suposto escândalo. Que escândalo?”, acrescentou Jarbas, referindo-se à prisão, em 2001, de Jader Barbalho, então sem mandato e levado sob algemas de Belém para a delegacia da Polícia Federal no Estado do Tocantins.
O presidente disse na entrevista que não considera qualquer prejuízo à OAB, em decorrência de toda essa polêmica. “Nossa instituição está ilesa. Não está atingida. Há um fato que aconteceu de uma falsificação de assinatura? Há. Eu tornei esse fato público, porque lamentavelmente a denúncia do vice colocava sob suspeita toda a Ordem, toda a diretoria”, afirmou.
Ele informou que a Assessora Jurídica Cynthia Portilho, autora confessa de ter falsificado assinatura em instrumento público encontra de férias. Ele aguarda que no retorno dela, daqui a uns 15 dias, as investigações já tenham apontado uma direção aos procedimentos internos a serem adotados em relação à chefe do Jurídico da OAB.
Descartando a possibilidade de se afastar da presidência, enquanto durarem as investigações, o presidente leu na íntegra o relatório que, que afirmou segundo ele, foi lido em alto e bom som na reunião do dia 29 de junho para todos os conselheiros presentes à reunião, ali constando, claramente, que o imóvel seria vendido para o advogado Robério D’Oliveira. Isso desmente, reforçou o presidente, versões de que vários conselheiros teriam aprovado a venda porque não sabiam para quem o imóvel seria transferido.
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