Home / Notícias
Durante sua palestra, ministrada ontem (19) à noite, na Estação Gasômetro, por ocasião do Fórum Aberto de Desenvolvimento Econômico, Político e Social do Pará, promovido pela Fundação Verde Herbert Daniel e que resultou na concepção de um documento com propostas a candidatos ao executivo estadual nas eleições deste ano, Jarbas Vasconcelos observou, por exemplo, que é necessário estabelecer um consenso: “nós só podemos votar em candidatos a governador que tenham clareza de que é preciso combater a Lei Kandir, que é preciso brigar por uma compensação justa”.
De acordo com Jarbas, não houve esse debate na última eleição para o Governo do Estado. “Eu assistir praticamente a todos os debates, dos mais populares aos mais elitizados. E essa pauta não encontrou eco em 2010, como não teve em 2006, como não teve em 2002. Parece-me que passou a ser uma alienação incentivada por alguns setores da aristocracia do Pará”. Contudo, o presidente destacou que não é só a Lei Kandir que gera perdas ao Pará. “Talvez, nosso principal produto de exportação seja a energia. Mas esse produto, o estado não tributa, porque é tributado no consumo. 60% do ICMS sobre a energia fica na região sudeste, apenas 3% na região norte”.
Para mudar essa conjuntura, acredita o presidente da OAB, é preciso que a população e as lideranças da região se unam em torno dessa causa. “Nós somos a região norte. Nós somos a maior parte do país. Nós falamos de um local que é a porção setentrional do país. E o plano de defesa do Brasil diz que 85% das riquezas estão na região norte. Aqui, nós temos projetos de 14 hidrelétricas. Eu estou falando de empreendimentos grandiosos, de uma produção de energia que vai sustentar o futuro do país neste século. Isso vai determinar o desenvolvimento do país para o próximo século. Eu estou falando de investimentos estratégicos para 200 anos. E o que o Pará pode cobrar? Nada. Nem o Pará e nem nenhum estado da região norte. Mas pode ficar com seqüelas”, criticou.
Vasconcelos ainda sugeriu qual postura os futuros governantes do Pará podem adotar a fim de que se inicie um processo de verticalização da produção mineral do estado. “Os nossos governantes podem pedir às empresas instaladas aqui que ajudem o estado a construir fábricas, inclusive como medidas de compensação. Nós temos que impor uma negociação criativa, de força, que discuta com essas empresas obras estruturantes para este estado”, recomendou o presidente da OAB.
Inteligência
Para Jarbas, é importante que o novo governador tenha sempre uma concepção de inteligência aportada ao seu governo, “que possa pensar grande o Pará, que possa pensar grande o desafio de um Pará novo. O Pará é um estado que precisa fundamentalmente, hoje, de lideranças, de um governador que seja liderança. E é preciso saber se o candidato a governador também quer ser candidato a ser liderança do povo do Pará. E é preciso que todos nós possamos fazer um forte movimento na sociedade, um movimento patriótico, um movimento que nos devolva esse sentimento de pertencimento a esta terra, à Amazônia, ao Pará”.
Ainda segundo Vasconcelos, urge a necessidade de reacender o sentimento “de fazer parte da nossa história, de saber das mazelas, do sofrimento, dos crimes, do sangue, de tudo que nós passamos para chegarmos aqui, para que nós possamos nos aglutinarmos, nos reunirmos sob uma grande bandeira, que possa exigir que esta nação faça um pacto diferente conosco, porque nós somos um povo da Amazônia. Não é possível que fiquemos à mercê da história. Não é possível que vivamos do atraso da política, das migalhas do poder”, reforçou.
Em outro momento da palestra, o presidente da OAB fez um alerta. “A pior coisa que pode acontecer a este estado é que ele trilhe um caminho sem forma, sem projeto, sem uma norma, sem volta. Por isso que eu penso que devemos propor novos desafios, novos programas”. E também uma revelação. “Eu gostaria, nessa campanha, de ouvir coisas novas. Sinceramente, eu gostaria de ouvir que temos propostas para o estado do Pará, que nós temos uma nova postura para enfrentar os desafios que são postos. Todos nós queremos esse novo, que nossos candidatos sejam bons. Eu tenho certeza que cada jovem pensa: poxa, como eu gostaria de ter bons candidatos! Mas a maioria dos nossos jovens não tem em quem votar. Nós estamos no limite da desilusão”, desabafou.
Ao final de seu pronunciamento, o presidente Jarbas Vasconcelos afirmou que é preciso sonhar de novo. “E esse desafio de despertar corações e mentes para se animar, para sonhar de novo, para olhar no horizonte com confiança, para olhar para o futuro sabendo que vai ser melhor, é uma parte e o dever de cada liderança, especialmente de cada candidato ao governo deste estado. Eu desejo que nossos candidatos a governador possam lançar e elevar essa chama em cada um de nós paraenses”, concluiu o presidente.
Autoridades