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Educar para um futuro comum
*José Carlos Lima
O mundo, este que queremos ver ecologicamente equilibrado, e que fica perto de nossa casa, sofisticou-se, ficou complexo. Da vida simples dos nossos ancestrais, caminhamos até chegar à complexidade dos dias de hoje.
Os benefícios da modernidade, porém, vieram acompanhados de desafios ambientais. Rachel Carson alertou: “Somente neste momento no tempo representado pelo século atual uma espécie – o homem – adquiriu poder significativo para alterar a natureza deste mundo”.
O ser humano de ontem sabia tudo. Caçava, cozinhava, apanhava água para beber, construía sua morada, nada poluía ou poluía muito pouco. Tudo que consumia, a natureza repunha na mesma velocidade, havia equilíbrio. A revolução industrial chegou e tudo mudou.
Primeiro vieram as máquinas a vapor. Logo, os teares manuais foram substituídos pelos teares mecânicos. A velocidade com que as mudanças aconteceram assustou os artesãos, que reagiram quebrando as máquinas. Outras máquinas foram colocadas no lugar daquelas.
As mudanças mecânicas prosseguiram em todos os campos. O vapor foi substituído pelo combustível fóssil. Depois vieram os produtos químicos derivados de petróleo. As pesquisas químicas e biológicas e os novos medicamentos curaram muitas doenças. A informática entrou em cena e se uniu a mecânica fazendo uma grande revolução. As pesquisas com células deram origens às manipulações genéticas. Agora estamos diante das maravilhas da nanotecnologia.
O ser humano, com suas transformações, ocupou todos os espaços geográficos, cada canto do planeta foi visitado pelos pés e máquinas da civilização atual. Cidades foram criadas. Florestas deram origens a pastos e monoculturas. Retiramos muito petróleo para os nossos carros gastarem nos engarrafamentos urbanos e emitir gases de aquecimento global.
A população mundial urbanizou-se. No Brasil, 84% da população mora em cidades consumindo muita energia e recursos naturais em velocidade nunca vista e produzindo toneladas diárias de resíduos. Estamos prestes a romper o equilíbrio natural. Buda dizia: “É espantoso que um homem possa ser tão mau a ponto de quebrar um galho da árvore depois de lhe comer os frutos”.
As mudanças foram tantas e tão profundas que as gerações de hoje desconhecem os processos da natureza, e estão perigosamente perdendo o contato com o ambiente natural, atraindo graves problemas e doenças.
As doenças ambientais se espalharam de Norte a Sul no Planeta. Desordens hormonais são responsáveis por doenças como obesidade, esclerose múltipla e dificuldade de procriar, que podem ser explicadas a partir de produtos chamados “perturbadores endócrinos”. Essa categoria reúne uma diversidade de moléculas que entram na composição de detergentes, plastificantes, solventes ou pesticidas. (Atlas do Meio Ambiente – Le Monde Diplomatique Brasil.
O quadro de crise ambiental é grave e exige urgentes mudanças na trajetória de nossa civilização. Além de buscar um modelo de desenvolvimento sustentável, devemos “promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente;” conforme determina o inciso V do art. 225 da Constituição Federal.
“Nosso empenho para criar comunidades sustentáveis será em vão caso as futuras gerações não aprendam a estabelecer uma parceria com os sistemas naturais, em benefício de ambas as partes. Em outras palavras, elas terão que ser ‘ecologicamente alfabetizadas’.” (Frijot Capra).