Home / Notícias
O documentário As Cores da Utopia foi lançado na tarde de hoje (14 de outubro) na sede da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção Pará. O diretor responsável pelo projeto é o Mestre em Filosofia pela PUC-SP, cineasta, psicólogo e bacharel de Direito pela PUC-Goiás, Júlio Oliveira Nascimento. Oito anos. Esse foi o período de construção do longa metragem do paraense que construiu carreira como professor universitário em Goiânia.
No longa metragem, Júlio Nascimento conta a história do artista plástico baiano Reginaldo Bonfim. Depoimentos de familiares, amigos, admiradores de Reginaldo Bonfim, além de artistas como: do poeta Wagner Américo, dos artistas plásticos Renildo Rebouças Barreto e Jaime Andrade de Almeida, do artesão Carlos Magdo de Souza, entre outros, compõem a obra.
Reginaldo Bonfim participou de programas de televisão, como o Chacrinha, mas, submetido a condições desumanas em São Paulo e no Rio de Janeiro, foi tomado pela esquizofrenia. O artista foi taxado como louco pela mídia mas causou admiração em muitas pessoas pelas suas obras. Acabou falecendo sem ter a possibilidade de ter o seu ateliê.
O grande questionamento que o filme faz é: “o que é a normalidade”? A loucura, a sanidade e a arte em meio a esse paradoxo, são retratadas em imagens que mostram a autodestruição do ser humano, dito como “normal” e a destruição da natureza. Segundo Júlio Nascimento, “o filme também discute a questão da saúde mental e a importância da luta antimanicomial”.“Eu fiz esse filme mais como militante do que intelectual. O fiz inspirado no Reginaldo Bonfim. ‘A Cores da Utopia’ é dedicado à todas as pessoas que sofrem com preconceito. À todas as vítimas dos manicômios do mundo todo”, disse Júlio Nascimento.
Integrantes de movimentos sociais feministas, raciais, antimanicomiais, estudantes universitários, GLB – Gays, Lésbicas e Bixesuais - , Conselho Regional de Psicologia, entre outros, estiveram presentes no lançamento do filme, aqui em Belém. Para o usuário de saúde mental e militante antimanicomial, Carlos Henrique Monteiro, mais conhecido como ‘Fidel’, “o mais importante não é apenas uma sociedade sem manicômios, mas sim uma sociedade sem preconceitos”. Ele ressaltou ainda que muitos “loucos” não fazem atrocidades que pessoas tidas como “normais”, fazem.
O Dia da Saúde Mental é comemorado no dia 10 de outubro. A Organização Mundial da Saúde – OMS – aproveitou a data para cobrar mais investimentos em serviços e de prevenção e tratamentos de doenças mentais, neurológicas e de distúrbios associados ao uso de drogas. A OMS estima que aproximadamente 450 milhões de pessoas, no mundo todo, sofram com alguma perturbação mental ou de comportamento. Os desafios para o avanço do tratamento dessas pessoas ainda é muito grande. A falta de recursos financeiros e de profissionais qualificados para atender essas pessoas é mais grave em países de baixa renda, onde apenas 2% são destinados para a área de saúde mental.
Fotos:Vivanny Matos