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Audiência que debateu cesarianas no Pará definiu proposições para enfrentamento

Depois de pouco mais de duas horas de discussões durante a tarde de hoje, três propostas foram apresentadas: o ingresso do Conselho de Secretários Municipais de Saúde e da Associação Paraense de Ginecologistas e Obstetras na Frente Estadual de Combate à Violência Obstétrica, a criação de uma comissão de estudo acerca dos protocolos estabelecidos pela OMS (Organização Mundial de Saúde) e Ministério da Saúde e a criação da Comissão de Monitoramento das Maternidades.

 

AUDINCIA-PBLICA-ALTA-INCIDNCIA-CESARIANAS-NO-PAR-POSSIBILIDADES-DE-ENFRENTAMENTO3Além disso, serão realizadas uma série de palestras e cursos para divulgar a temática. Por enquanto, ficou agendado um curso voltado para médicos na Associação Paraense de Ginecologistas e Obstetras, uma palestra no Conselho Regional de Psicologia e outra em uma comunidade religiosa. De acordo com Luanna Tomaz, presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/PA, essas proposições visam mostrar o problema de altos índices de cesarianas no estado.

 

“Por conveniência, falta de informação e outros fatores, atualmente há no Pará maternidade com índice que alcança cerca de 100% de cesarianas. Em outras maternidades, o índice está em 94%. Ou seja, o número de cesarianas está aumentando, assim como a mortalidade infantil. Se a cesariana fosse recomendável, a mortalidade não estaria crescendo”, lamentou a advogada.


Abertura

 

O vice-presidente da OAB/PA, Alberto Campos, abriu oficialmente a audiência pública "Altos índices de cesarianas no Pará: possibilidades de enfrentamento", no plenário Aldebaro Klautau totalmente lotado por representantes de diversas entidades. Em breve pronunciamento, Campos lembrou que o Brasil é considerado um dos países que mais registra cesarianas no mundo, e demonstrou otimismo com a realização da audiência. "Espero que boas alternativas sejam discutidas aqui, de modo que esse problema seja amenizado".

 

SESPA

 

Para o secretário de Saúde Pública do Estado do Pará, Hélio Franco, as instituições públicas e privadas e as organizações femininas precisam difundir a ideia de que o parto deve ser normal. “Existem indicações absolutamente precisas para fazer a cesariana, que salvam muitas pessoas. No entanto, elas (cesarianas) têm causados problemas sérios não somente para as mulheres, mas também para as crianças.”, ponderou.

 

AUDINCIA-PBLICA-ALTAINCIDNCIACESARIANAS-NO-PAR-POSSIBILIDADES-DE-ENFRENTAMENTO1Coordenadora Estadual de Saúde da Criança. Ana Cristina Guzzo expôs um relatório de supervisão de maternidades no Pará elaborado pela Secretaria de Estado de Saúde Pública. Nele, a constatação de uma realidade preocupante: a mortalidade materna no Pará cresceu (foram 94 óbitos somente em 2013); entre 2005 e 2012, a taxa de cesarianas cresceu 32% e a taxa de parto caiu 20%.

 

No mesmo sentido, o relatório concluiu que aumentou a mortalidade infantil. “O componente neonatal é o que mais contribui para a mortalidade infantil. A mortalidade neonatal precoce ocorre dentro de um período de sete dias”, explicou Ana Maria Guzzo. “Significa dizer que 80% das crianças que morrem nessa faixa de idade morrem até os sete dias de vida. Isso tem uma relação muito forte com a questão do pré-natal e assistência ao parto”, completou.

 

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O cenário não é diferente na Região Metropolitana de Belém, onde 14 maternidades foram visitadas. “Apesar de 98% das crianças nascerem dentro de hospitais, a taxa de partos normais caiu e de cesarianas aumentou”, informou a coordenadora. Para corroborar a realidade apresentada por Ana Maria Guzzo, a médica Esther Vilella, do Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas da Secretaria de Atenção à Saúde, do Ministério da Saúde, alertou que o índice de cesarianas realizadas na Região Metropolitana de Belém gira em torno de 63%.

Fotos: Paula Lourinho

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