Home / Notícias

39 anos de Guerrilha da Araguaia - OAB comemora e discute “A vitória dos Derrotados"

DSC_0892“A vitória dos derrotados”. Foi assim que os grupos e autoridades envolvidos na busca do histórico e pela verdade do maior evento de luta durante a ditadura militar, consideraram e celebraram os 39 anos da Guerrilha do Araguaia. O evnto foi promovido pela Comissão dos Direitos Humanos da OAB-PA em parceria com a Fundação Maurício Grabois, no início da noite de ontem (12), na sede da OAB-PA.

Antes do debate, dezenas de pessoas da sociedade civil, assistiram um documentário produzido pela Fundação que conta o que foi vivido na região do Araguaia com a presença militar. São depoimentos de vários sobreviventes da guerrilha que contam o outro lado da história, encoberta pelo silencio e pela censura a que foram submetidos durante anos. “Camponeses do Araguaia – A guerrilha vista por dentro” apresenta o olhar e as lembranças dos camponeses, os chamados “vitoriosos na derrota”.

Para o representante do Grupo de Trabalho Tocantins, do Ministério da Defesa, Paulo Fontelles Filho, “um movimento como esse, deve ser considerado vitorioso sim. Pois ele inspirou o fim da ditadura e, a partir de então, o Brasil teve ampliação da democracia e o Araguaia está ligado a esta dimensão democrática”.

Considerada a maior manifestação de resistência contra o regime militar que existiu ao longo do rio Araguaia e que perdurou sete anos (1967 - 1974), a guerrilha foi organizada pelo Partido Comunista do Brasil, que para lá destacou cerca de 70 guerrilheiros envolvendo mais de 200 camponeses na região.

“O documentário é o resgate da memória e da dimensão da verdade. Os depoimentos dos camponeses retratam a história das pessoas que participaram do processo. O conhecimento dessa história é necessário para que se tenha embasamento acerca do processo atual da democracia em busca da verdade. Buscamos uma anistia legitimada, com investigação séria e um compromisso do Estado Nacional”, afirmou José Varella, Coordenador da Fundação Maurício Grabois.

aragA Guerrilha do Araguaia foi um movimento que pretendia derrubar o governo militar, fomentando um levante da população, primeiro rural e depois urbana, para instalar um governo comunista no Brasil.

A grande maioria dos guerrilheiros, formada principalmente por ex-estudantes universitários e profissionais liberais, foi morta em combate na selva ou executada após sua prisão pelos militares, durante as operações finais, em 1973 e 1974. Mais de cinqüenta deles são considerados ainda hoje como desaparecidos políticos.

O presidente da Comissão dos Direitos Humanos da OAB-PA, Marcelo Freitas ressaltou a importância de manter viva a história. “Devemos combater a maior violação dos direitos humanos que é tentar impedir o conhecimento da verdade e a história das vítimas do movimento. Essa história precisa ser contada e amplamente divulgada para que a nação brasileira tenha a clareza dos fatos e não cometa erros como esse, tanto do ponto de vista social como político. Dessa forma, aproximamos as gerações futuras”, declarou Freitas.

Marcelo ressaltou ainda a importância da Comissão da Verdade, que tem como missão localizar, identificar os corpos e entregar para as famílias, além de esclarecer os crimes ocorridos na época, indenizar as vítimas, punir os responsáveis e resgatar a dignidade da nação. “É direito do povo brasileiro conhecer a sua própria história e ver identificados e responsabilizados os graves crimes de violações de direitos humanos ocorridos por mãos de servidores públicos”, concluiu.

 

Anexos