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Na manhã deste sábado, 20, a família do advogado assassinado, o cametaense Fábio Teles dos Santos, 29 anos, recebeu o apoio da população de Cametá que participou de uma manifestação pacífica, a “Caminhada clamando por justiça”. Os familiares da vítima pediram para os manifestantes usarem roupas de cores pretas, em sinal de luto, ou brancas, um apelo pela paz. Mais de mil pessoas participaram da caminhada.
A presidente da Comissão de Atividades Policiais e vice presidente da Comissão das Prerrogativas, da Ordem dos Advogados, Seção Pará, Ivanilda Barbosa Pontes, esteve presente na manifestação, representando o presidente da OAB-PA, Jarbas Vasconcelos.
“A OAB-PA formou um grupo de advogados para ser assistente de acusação do processo no Ministério Público do Estado do Pará. Vamos acompanhar todos os atos processuais, além de postular ações indenizatórias para a família. Estamos trabalhando, junto com outras instituições de segurança do Estado para que o mandante do crime brutal seja capturado”, disse.
“Ele era o meu único filho. Dediquei a minha vida inteira para cuidar dele sozinha. O lema da nossa família sempre foi estudar e seguir uma profissão que servisse à sociedade. Isso foi passado de geração a geração. E o meu filho sempre defendeu pessoas humildes, injustiçadas. Ele morreu exercitando a sua profissão. A dor que estou sentindo é muito grande, além de uma imensa revolta. Eu quero justiça. Hoje foi o meu filho, amanhã pode ser outra mãe que passará por essa mesma dor se esse assassino continuar solto por aí”, desabafou a mãe da vítima, Jacira Teles dos Santos.
“Essa situação está sendo muito difícil pra mim, que estou grávida de três meses. O que eu vou dizer pro nosso filho quando ele crescer? Que o pai dele foi assassinado porque estava fazendo justiça? A nossa família e a sociedade cametaense clamam por justiça. Vamos cobrar isso da Secretaria de Segurança Pública do Estado”, falou a viúva da vítima, Michele Pacheco Siqueira.
O assassinato aconteceu na noite de 21 de julho deste ano. A vítima estava na sua casa junto com o filho, quando foi chamada pelos pistoleiros. Ao atender a porta foi executado com nove tiros: três na cabeça, três nas costas e outros três nas pernas e braços. Fábio Teles dos Santos não teve tempo para reagir. O filho dele está recebendo acompanhamento psicológico.
Supostamente, o crime foi motivado por causa de ações trabalhistas ganhas e ajuizadas contra o mandante, o mineiro José Maria Mendes Machado, mais conhecido como Zé Maria. Ele violava os direitos trabalhistas dos funcionários da loja “Tecidos Cametá”, da qual é proprietário. Os crimes mais comuns que Zé Maria cometia eram: assédio moral, pagamentos de salários abaixo do permitido pela Lei Trabalhista e excesso da carga horária de trabalho.
Cinco pessoas envolvidas no crime estão presas. Os pistoleiros Vitor Eduardo Moreira, o Vitinho, e Gleison Araújo, conhecido como Cowboy. O mototaxista José Horlando Trindade Oliveira, mais conhecido como Branco, que era informante dos pistoleiros. O borracheiro que guardou as armas dos assassinos, Luzimar Pereira Miranda, o Baianinho. E o intermediário, que contratou os pistoleiros de Tucuruí, Rosiverson de Souza Almeida, apelidado de Passat. Falta o mentor do crime, Zé Maria, que está foragido.
“Estamos esperando que o juiz da Comarca de Cametá encaminhe os autos do processo para que possamos realizar as diligências requeridas pelo MPE”, disse o delegado
responsável pelo inquérito, Lindoval Ferreira Borges.
Fotos: Paula Lourinho